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Como estruturar uma política de remuneração variável do zero: passo a passo completo

Como estruturar uma política de remuneração variável do zero: passo a passo completo

Implementar uma política de remuneração variável pode ser o diferencial que falta para elevar os resultados do seu time, e da sua empresa, sem precisar aumentar os custos fixos. Mas, para que ela funcione de verdade, é preciso criar uma estratégia clara, justa e bem estruturada.

Neste guia completo, você vai entender como criar do zero uma política de remuneração variável, conhecendo os modelos mais utilizados (como PLR, PPR e comissões), os erros mais comuns, as boas práticas e um passo a passo claro para começar agora.

O que é remuneração variável?

Remuneração variável é qualquer forma de pagamento condicionada ao desempenho, seja da empresa, da equipe ou do colaborador individualmente. Ou seja: só é paga quando metas são atingidas. É o oposto da remuneração fixa, que independe do resultado.

Essa prática tem como principais objetivos:

  • Estimular a produtividade com metas claras.

  • Alinhar o time aos resultados estratégicos.

  • Reduzir o turnover e engajar colaboradores.

  • Aumentar a performance sem elevar a folha fixa.

Etapa 1: Entenda os modelos de remuneração variável

Antes de estruturar uma política, é importante conhecer os principais formatos utilizados no mercado:

1. PLR – Participação nos Lucros e Resultados

  • Previsto por lei (Lei nº 10.101/2000), exige acordo coletivo com o sindicato ou comissão interna.

  • Pode ser pago no máximo duas vezes ao ano.

  • Foco em lucro líquido ou indicadores de performance.

Vantagem: vínculo com os resultados gerais da empresa.
Atenção: requer formalização legal.

2. PPR – Programa de Participação nos Resultados

  • Não depende de lucro, mas de metas específicas pré-definidas.

  • Pode ser mais flexível que o PLR.

  • Pode ser implementado com foco em áreas, times ou cargos.

Vantagem: foco em performance real, mesmo em empresas sem lucro.
Atenção: também precisa de acordo formal com o sindicato ou comissão.

3. Comissões

  • Pagas proporcionalmente ao resultado obtido (vendas, por exemplo).

  • Muito comum em áreas comerciais.

  • Regras de cálculo devem estar bem claras em contrato ou regulamento interno.

Vantagem: simples, imediata e diretamente ligada à produtividade.
Atenção: precisa estar descrita com clareza para evitar conflitos.

4. Bonificações e prêmios

  • Pagamento eventual por desempenho, sem formalização sindical.

  • Pode ser individual ou coletivo, e está mais ligado à motivação.

Vantagem: flexível e rápida de implementar.
Atenção: não deve substituir o salário ou outros direitos.

Etapa 2: Defina os objetivos estratégicos

Toda política de remuneração variável precisa responder a uma pergunta central: "Qual resultado a empresa quer alcançar com esse programa?"

Pode ser:

  • Aumento de faturamento.

  • Redução de custos ou retrabalho.

  • Melhoria na satisfação do cliente (ex: NPS).

  • Produtividade operacional.

  • Crescimento da base de clientes.

Esses objetivos devem estar ligados aos indicadores estratégicos da empresa e ser mensuráveis.

Etapa 3: Escolha os indicadores de desempenho (KPIs)

Os indicadores são a base para definir metas. Eles podem ser:

Indicadores estratégicos (empresa)

  • EBITDA
  • Faturamento
  • Lucro líquido
  • NPS
  • Market share

Indicadores táticos (por área)

  • Taxa de conversão de vendas
  • Custo por aquisição (CPA)
  • Tempo médio de atendimento
  • SLA de entrega

Indicadores operacionais (individuais)

  • Número de tarefas concluídas
  • Taxa de erro
  • Volume de produção
  • Absenteísmo ou pontualidade

Dica: use indicadores que o colaborador possa entender, controlar e acompanhar com facilidade.

Etapa 4: Estruture o modelo em camadas

Um bom modelo deve considerar as três camadas da organização:

1. Estratégica

Metas da empresa como um todo.

2. Tática

Metas de áreas ou departamentos.

3. Operacional

Metas individuais dos colaboradores.

Isso permite criar uma cultura de meritocracia equilibrada, onde o todo e o individual são recompensados.

Etapa 5: Defina metas claras e alcançáveis

Metas devem ser:

  • Específicas
  • Mensuráveis
  • Alcançáveis
  • Relevantes
  • Temporais (com prazo definido)

Nada de metas subjetivas como “melhorar o atendimento”. Prefira: “Aumentar o NPS de 65 para 75 até o fim do trimestre e cuidado com metas impossíveis pois elas desmotivam o colaborador

Etapa 6: Estabeleça regras e política formal

Sua política de remuneração variável precisa deixar claro:

  • Quem participa (todos os colaboradores? Só vendas? Só CLT?).
  • Quais indicadores e metas serão usados.
  • Período de apuração (mensal, trimestral, anual).
  • Faixas de pagamento e cálculos.
  • Condições de elegibilidade (ex: não pode estar com advertência ou faltas).
  • Regras para desligamentos.
  • Forma de pagamento (holerite, bônus à parte, cartão premiação etc).

Tudo isso deve estar descrito em uma política interna clara, que pode ou não ter força legal, dependendo do modelo escolhido.

Etapa 7: Simule cenários financeiros

Antes de colocar a política para rodar, simule diferentes cenários para entender:

  • Qual o impacto máximo na folha se todos atingirem as metas?

  • Quanto será pago se apenas metade atingir?

  • O bônus comprometerá o caixa da empresa?

Etapa 8: Comunique com clareza e treine sua equipe

Não adianta ter uma boa política se ninguém entende como funciona. Faça:

  • Comunicação simples e visual sobre o plano.

  • Treinamentos para líderes e times.

  • Canal aberto para dúvidas e sugestões.

Colaboradores precisam saber exatamente:

  • Quanto podem ganhar.

  • O que precisam entregar.

  • Como será medido.

Etapa 9: Acompanhe, revise e melhore

Uma política de remuneração variável não é imutável. Após a implementação:

  • Monitore os resultados.

  • Avalie o engajamento.

  • Ajuste metas ou indicadores se necessário.

  • Mantenha a transparência sobre mudanças.

Conclusão

Uma boa política de remuneração variável não é sobre gastar mais. É sobre gastar melhor, com foco em performance, alinhamento e reconhecimento. Seja qual for o porte da sua empresa, é possível estruturar um programa sustentável, justo e motivador.

E lembre-se: o segredo está na simplicidade, na transparência e na coerência com a realidade financeira da empresa.

Quer começar com o pé direito? Confira nossos materiais gratuitos que irão te ajudar a estruturar suas políticas de remuneração variável e acompanhe nossas redes sociais para mais dicas.

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